Em breve, no dia 19 de abril, a Escola Salesiana Brasília promoverá a Festa Literária da ESB. Como premissa da festa, a ESB recebeu a ilustre presença do escritor Jonas Ribeiro, durante aulas da Educação Infantil e Fundamental 01, nesta quinta-feira, 30 de março, no auditório da escola.
Com encanto contagiante, os estudantes interagiram com o autor e ficaram entusiasmados pelas suas histórias e poemas recitados. Com mais de 180 livros para todas as faixas etárias, Jonas se destaca ao visitar todas as regiões do Brasil, em escolas e outras Instituições, com a contação de histórias e seus personagens que o acompanham nas viagens.
Jonas Ribeiro tem mais de 180 livros escritos e 166 obras publicadas para crianças, adolescentes e adultos. Ele já viajou o Brasil de norte a sul para divulgar seu trabalho e despertar o gosto pela leitura.
Confira a íntegra da entrevista com o escritor Jonas Ribeiro:
O escritor revelou que as bibliotecárias de escolas públicas de São Paulo foram as responsáveis por presenteá-lo com o gosto pela leitura. O autor relembra quando as bibliotecárias indicavam livros, instigavam e comentavam os enredos, detectavam suas preferências literárias e indicavam obras semelhantes. A partir disso, Jonas renovava empréstimos para reler seus autores preferidos.
- Como conseguimos conciliar os livros físicos em um mundo digital?
Jonas Ribeiro: Eu vejo que é uma questão de coexistência. Os livros físicos e digitais existem sem um tirar o mérito e força do outro. A chegada da televisão não retirou o cinema. O rádio e o teatro permanecem.
As crianças contemporâneas nasceram na era digital, então vemos em lugares públicos crianças de dois anos já com eletrônicos nas mãos. Enquanto a nossa geração manuseava brinquedos, as de hoje estão digitando. Então são outros valores, com uma infância reconfigurada, mas que pode criar uma relação bonita e duradoura com o livro físico.
Diferente da internet, onde você faz uma pesquisa e tem que saber selecionar a fonte fidedigna, quando pegamos livros de determinados assuntos, sabemos que houve pesquisa, conselho editorial que aprovou, um revisor, alguém que verificou a veracidade da pesquisa. Mas quem garante que uma informação colhida nas redes sociais condiz com o que de fato é?
- Como as famílias podem instigar a paixão pela leitura?
Jonas Ribeiro: Se os adultos puderem servir de modelos leitores, se as crianças observarem a regularidade da leitura dos adultos no cotidiano, então eles serão modelos para as crianças. Quanto mais eles puderem criar momentos gratuitos sem a finalidade de ensino e de transmissão de conhecimento, mas momentos gratuitos de leitura e de compartilhar informações, de frequentar livrarias e bibliotecas, isso tudo é um conjunto.
Não se sabe quando uma criança efetivamente se torna uma leitora, então é uma junção do papel da escola e da família se abraçando. Existem funções que são da família e a escola não pode decidir. Cada uma dá um tom.
Algumas funções são da escola com o consentimento da família, que autoriza a escola a assumir alguns papeis juntos para a formação da criança, nessa familiaridade com o idioma materno. É muito comum vermos crianças estudando outra língua, na sua grande maioria o inglês, e com vocabulário insuficiente para fazer uma redação satisfatória, sem repertório vocabular.
Às vezes, a criança tem mais autonomia em outro idioma do que na língua materna. Então é preciso falar, conversar, contar histórias e retomar o hábito de sentar-se à mesa sem aparelhos celulares, para olharem-se, conversarem e falarem de si. Isso é terapêutico, é necessário e fortalece os vínculos. A chegada de livros em casa traz muitos benefícios. Não dá para presentear as crianças com livros e já esperar os benefícios. Às vezes levamos anos para a história daquele livro entrar no nosso interior, então é muito relativo.
- O que acha sobre a iniciativa da Escola Salesiana Brasília de promover a festa literária?
Jonas Ribeiro: Essa ação é imprescindível para a formação leitora, e aproxima os alunos dos livros, do conhecimento, na forma de lidar com a imaginação, porque isso amplia a criticidade, o vocabulário, as ideias, e faz com que as crianças vejam o mundo de uma outra forma.
O livro pode trazer uma informação que faz com que todas aquelas ideias que precisavam de consistência criem link entre si. A leitura é um caminho terapêutico, de cura, de autoconhecimento, além de ser um conhecimento de mundo.